O EU DISSOLUTO
O EU DISSOLUTO
Duas mesas, duas cadeiras
Duas camas desarrumadas
Duas percepções
De um eu todo desconjuntado
Dois cacos de vida
Ameaçam se reunir
Formar objeto estranho
Sem ter a quem servir
Duas forças opostas
Medem potências
Duas energias diversificadas:
Uma latente; outra, estacionada
Procurando reunir os pedaços
Trajetórias, direção
Um outro eu, sem expressão marcada
Observa sem interferir em nada
Procuro modo, forma, cola
Resistente o bastante para juntar
Este eu retorcido ao outro eu
Que observa, contemplativo
Duas mesas, duas cadeiras, dois eu
Diferentes, solidários, intraduzíveis.