MARINHAS
MARINHAS
Entreguei o corpo às gaivotas
Merencórias
Engoli o mar mil vezes
Bebi o sol e a sede
Verde sombrio na claridade
As gaivotas tristes
Maresia
Tive os olhos escuros
Arrancados pelas aves
Solitárias
Os pés, muito brancos
Devorados pelos peixes
Mãos vasculhando profundezas
Procurando tesouros de sonhos
O coração não morria
Apavorado coração
De homem só
Homem, gaivota, toma o mar
Como alimento
Um navio, tristeza sólida
Se não morro, torno a sonhar
Gaivotas, tomem-me
Levem-me ao sol-pôr
O marinheiro, no fundo
Das águas, arrecada riquezas