DEPOIS QUE ACABA A PAIXÃO

Partiste antes que eu pudesse
me desvencilhar da paixão.
Agora ando em becos de outonos
e brisas de setembros, confuso.

Talvez teu corpo me dissesse
do pouco que havia em teu coração,
mas não. De nós não somos donos,
nem vassalos, talvez um tanto de uso.

Talvez sejamos um resto de resto,
noites mal dormidas, manjar da manhã,
taças quebradas de um falso café,
a manga não descascada no prato.

Sobras indesejadas, hoje empresto
o que não serei, espera vã.
Surgiremos horizontes no que não se é,
no que nunca esteve no contrato.

Tu serás tu. Eu, uma pergunta.
Tudo o que fizermos será em vão,
que o tempo se foi e nada se junta
depois que acaba a paixão.

Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 06/03/2013
Reeditado em 07/03/2013
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