Diamantes sobre as unhas dos pés
Rosto de cera e sem vida
Poucos cabelos, uns brancos e outros fingidos
O batom ressecado sobre os lábios salpicado
Por detrás dos óculos um olhar que não está mais aqui
E sobrancelhas riscadas na pele enrugada
Nas orelhas um par de brincos repuxando os lóbulos
O busto cansado e quieto
As carnes dos braços brancos passavam a impressão de uma paisagem estranhamente cinza e fria
As sardas afundando sinalizadoras
As coxas imensas e moles ultrapassavam os quadrantes da cadeira
Nas pernas as varizes expondo na sala superlotada as narrativas de fracassos
Estragados os pés na estrada de manter em ordem a família
A bolsa surrada sob a axila
Um cinto roto e triste sobre o que foi a mais invejada cintura da cidade
Que horror as sandálias sujas vindas de bem longe
Em cada unha dos pés uma lágrima transformada em diamante