Redemoinho
Como inúmeras serpentes
Numa dança hipnotizante
Misturam-se dentro de mim
De forma eletrizante
Tantos sentimentos diferentes...
Alguns puros, inocentes
Como sorriso de criança
Outros permeados de malícia
Imaginando toque, carícia
Entre desejos ardentes.
Às vezes em água mansa
Outras, nadando contra a corrente,
Meu eu em nuvem se desmancha...
Não sei se é noite ou dia
Nessa confusão tamanha
São tantas gavetas vazias
São tantos armários em desordem
Ah! Se fosse isso simplesmente...
Minhas ideias implodem
Sou lava que queima
Mas também sou chuva fria,
Sou enigma que teima
Em continuar a existir.
Hoje eu não me embriagaria
Nem se bebesse todas as doses
Pois, sem perceber, já atingi
O estado absoluto
Da loucura e da embriaguez.
Minha alma ensandecida
Criou suas próprias leis
E, da maneira mais absurda,
Cheguei à conclusão
Que sou encontro de céu e mar
Horizonte da vida
Que insiste em se derramar
Entre escombros e ruínas
Ao cerrar das cortinas
Descubro, interrogativa
Que um redemoinho me habita.