CONTRADIÇÃO...
Sentado a beira da soleira
olhares distantes esvaem-se em sangue
a dor ao invólucro de todos os pesares, transcendem-se
dos sórdidos e distintos pensamentos
que se arrefecem, dissipando o que se fez um dia, esperança...
o sol radiante aperta os caídos olhos
o azul seco e pronunciado calor
aquece o árido ar, que a pele queima
ressecada pelo tempo, pela ínfima vida
que a sorte malfeitora o baniu
sem água, sem lágrimas...
de joelhos esfolados....reza,
a contradição do mesmo sol
que nasce vida, chama a morte
que faz alegria, traz tristezas...
o tempo recorda, desperta em realidade
aquele passado mais que presente
que lateja nas vidas, nos corações
lhe dizendo de onde veio
para onde vai
como chegar...
ainda na soleira
do mangueiro
o dia se põe, se vai, como veio
a noite se percebe
as esperanças morrem
os sonhos também...
Romulo Marinho