CONTRADIÇÃO...

Sentado a beira da soleira

olhares distantes esvaem-se em sangue

a dor ao invólucro de todos os pesares, transcendem-se

dos sórdidos e distintos pensamentos

que se arrefecem, dissipando o que se fez um dia, esperança...

o sol radiante aperta os caídos olhos

o azul seco e pronunciado calor

aquece o árido ar, que a pele queima

ressecada pelo tempo, pela ínfima vida

que a sorte malfeitora o baniu

sem água, sem lágrimas...

de joelhos esfolados....reza,

a contradição do mesmo sol

que nasce vida, chama a morte

que faz alegria, traz tristezas...

o tempo recorda, desperta em realidade

aquele passado mais que presente

que lateja nas vidas, nos corações

lhe dizendo de onde veio

para onde vai

como chegar...

ainda na soleira

do mangueiro

o dia se põe, se vai, como veio

a noite se percebe

as esperanças morrem

os sonhos também...

Romulo Marinho

Romulo Marinho
Enviado por Romulo Marinho em 05/03/2013
Reeditado em 05/03/2013
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