NOVO AMOR!

Na plenitude da paz espiritual

Pertinente ao amor,

No ápice do sossego da mente,

Repentinamente cercou-me

Uma remanescente inquietação latejante,

Confundindo meus sentidos.

Era a aprazível volta do flerte,

O doce preenchimento do vazio.

A expectativa de um novo amor

Ocasionou um querer abrasador.

Senti corpo e mente em aquecimento,

Com a possibilidade da entrega amorosa.

Conhecia o desfecho da situação:

Era um filme encenado na vida,

Visto e revisto por inúmeras vezes.

Mesmo assim, decidi iniciar.

Sem mesmo questionar o roteiro.

Haveria emoção tão poderosa

Que pudesse minimizar a dor

Que o amor sempre proporciona?

Agora a pouco, senti um aperto no coração:

Ele estava triste, ausente.

Falei da nova paixão, dos planos;

Da doce alegria do reviver;

Falei de amor, cumplicidade, carinho...

Mas o coração fez questão de não entender.

Esbocei certa hesitação.

Voltei a indagar ao silencioso coração.

Perguntei se era merecedor

À pretensão de um novo amor.

Logo depois, meu coração emudeceu.

Calou-se indignado para não ser indelicado.

Estaria pressentindo algo de ruim?

Senti o brilho anterior se esvair.

Talvez eu estivesse cansado

De tantas batalhas destrutivas,

Inúmeras desilusões sentidas.

A solidão piscava em deboche.

Eu, ali parado, tentando localizar-me

Na imensidão truculenta,

Que cerca o calvário da rejeição.

Como poderia chorar um único amor,

Que se perdera em algum lugar do passado

E ainda perdurava na insensata mente;

Na espreita, sem jamais ser esquecido,

Contestado, redimido ou substituído?

Naquele momento eu poderia mudar,

Alterar meu destino, minha vida.

A simples idéia em entregar-me

A um novo amor, propiciava renovação.

Alardeei uma certa traição ao coração.

O pensamento utópico e reacionário,

Condenou e bloqueou o futuro flerte.

Não sabia se fugia ou aceitava o novo.

Minha indecisão gerava o lamento.

Lamentar e como voar sem deixar o chão,

É uma inominável escassez de raciocínio.

Decidi sacudir o estagnado coração.

Quando eu já estava propenso,

A abraçar veementemente o novo amor,

Eis que surgiu algo assombroso:

Para o meu desencanto, ela injuriou-me,

Portou-se como deselegante e indelicada.

Pude ouvir o fel de desabonadas palavras,

E, as mãos, em fuga; datilografando o ar.

Conclui que jamais seria por mim amada.

O que seria um providencial amor,

Mostrou-se frágil; caluniador e atemporal.

Senti-me tão ofendido, que me nulifiquei.

Tamanha desfeita no destrato proposital,

Fez com que eu me impronunciasse.

As ofensas vieram feitas açoite.

Um aperto no peito selava o estado depressivo.

Minha pretensa alegria estava traduzida em dor.

Permaneci calado, incrédulo frente ao descaso.

Parecia que o mundo fora transformado

Num desânimo amoroso devastador.

Ao ouvir aquelas palavras aviltantes,

Meus olhos marejaram copiosamente.

Jamais desabara antes de corpo e alma.

Em estado permanente de choque,

Não percebi a dolorosa chegada do choro.

Engoli as lágrimas com o dissabor do tédio.

Como é desorientador terminar assim,

Algo que sequer começou.

Bem sei que as palavras sussurrantes,

Ditas e ouvidas, logo serão esquecidas.

É um desprazer não sentir o mimo;

Ou teria sido uma acertada

E providencial intervenção do destino?

Certamente não saberia medir a alegria

E a dor que não chegaram ao coração.

Talvez, a premonição do amor transborde,

Anunciando infantil despreparo

Para entender os mistérios do coração

E minha total perda da razão,

Incorrendo sempre no erro do perdão!

Posto, que o novo absteve-se;

Permaneci com o sentimento

Redirecionado ao passado,

No saudoso amor que há muito partira!

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 10/08/2005
Código do texto: T41715