GOTAS DE CHUVA

Gotas recém paridas,

ressentidas por não mais voltar

ao útero da chuva,

batem insistentemente

na vidraça do quarto,

chamando minha atenção.

Que tolas, essas gotas.

Meu olhar foi seduzido

pelo canto do Boto

que beatificou esse corpo forte, viril,

calejado pelas expectativas do universo;

e tão frágil, tão vulnerável, tão amado.

Tão menino ali deitado em nosso altar de oferendas,

a respirar suavemente

como se soubesse que os olhos de sua amada

o velava,cativos, serenos.

Iris Rago
Enviado por Iris Rago em 04/03/2013
Reeditado em 09/03/2013
Código do texto: T4170754
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