O mundo em que morremos
O mundo dos homens
Na verdade
Partiu-se ao meio:
De um lado Balão Murcho
E do outro Balão Cheio
Balão Murcho é um sujeito
Sem graça e sem vida
Eternamente à espera de fazer uma subida
Subir, para ele
O que acalenta no seio
É tornar em algum dia
Poderoso Balão Cheio
Balão Cheio é um senhor que tem ouvidos
Vive estufado
Pelo Balão Murcho
Que sempre fala mais:
Ele pode
Como ele tem poder!
É poderoso demais...
Se o Balão Murcho escapa
Sai um pouquinho de si
Balão Cheio o reprime
E amassa pra retrair
Outro Balão Murcho aprende o medo
O Balão Cheio só ri.
Uns ignoram seu estado
Acham o mundo inteiro muito feio
Odeiam e desprezam Balão Murcho
Odeiam e invejam Balão Cheio
Balão Cheio não muda e não sai do seu lugar
Nem é preciso
Está bem assentado lá
O Balão Murcho já decretou no seu eterno reclamar:
Ele pode
Tem muito poder
É poderoso demais!
Quem com ele poderá?