Ávidas Marias

Ave Maria

e outras tantas ou não santas,

Cuja avidez pela vida fez eternas,

Ávidas sejam para sempre em amplas contas

Do plantar, colher, voar, alimentar,

Filhos e filhas do mundo e de qualquer lugar.

Ave Maria

E Helenas, Claras, Clarisses,...

De cujos ventres saem histórias sempiternas,

Ávidas sejam por filhos nem tanto cruzes,

Por filhos e filhas que não sendo tão jesuses

As amem tanto sem que as façam subalternas.

Ave Maria

E Lopamudras, Safos, Hipátias,

Ávidas em saberes próprios apontaram o horizonte

Como o que não pode ter dono e tampouco virar coisa.

Ousando traçar o intraçável e luzir o inquestionável

Fizeram ver além do macho o futuro em novo nível.

Ave Maria

E todas as outras da história

Que em luta arderam e em nuvens se transformaram,

Ávidas de paz e de igualdade o sangue deram

Marcaram a rota da busca da equidade,

Ainda que, tão distante, não se esperasse vitória.

Ave Maria

E todas as outras mães e filhas

Que ávidas de vida esquivam-se de velhos e novos suplícios.

Ávidas de ar e liberdade forjam sonhos

Resgatando o imemorável e o inesquecível

Bordam caminhos com as pedras de seus resquícios.

Ave Maria

E todas, passadas, de hoje e de sempre!

Ávidas por construir um mundo no qual sejam inteiras, plenas,

Arrancam asas às pedras sempre lhes impostas por penas.

Preparam e garantem ações que permitirão novos saltos,

Rasgam-nos os casulos e libertam-nos para voos, certamente, mais altos.