FEITO DE VIDRO
Vê-se no alto do monte
Imponente e inalcançável
Com o peito cheio de ar
E expressão inalterável
Possuidor dos começos
Dos fins e dos meios
Da verdade e dos erros
Sorriso confiante estampado no rosto
Mesmo que por dentro haja desgosto
E nesse pódio se coloca
Numa ilha dentro de si
De certo jeito tosco
Contando histórias inventadas
Equilibrando o frágil posto
Escondendo o jogo que faz consigo
De transparecer uma força que não possui
Armando o forte movediço
Na utopia que se inclui
Mas o vento sempre há de soprar
E nele junto vêm os destroços da vida
Maculando as mentiras na carcaça
Trincando a superfície de vidro
Transformando em dor o que era graça
Desgraça
De joelhos desaba
Sobre as vistas de todos a transparecer
Esgotaram-se os meios de camuflar
O verdadeiro que insistia em se esconder
E mesmo se tudo parecer perfeito
Imprimindo pressão na infelicidade ,
Oculta na vida de luxo,
Sempre existirá fragilidade
Em cada rosto envolto de astúcia
Escondida nas mentes, gritando, gritando
Enquanto banhados de vanglória
Vão desfilando, desfilando...