Certo dia...
Lá pelos lados de Lavras Novas,
uma velhinha me chamou a atenção:
Eu não sabia nada sobre ela,
só via que era uma mulher negra
- com certeza mulher forte -
que carregava uma trouxa
e uma vida toda na cabeça.
Notei que tinha os dedos dos pés espalhados,
o rosto enrugado escondendo segredos
- mas sem traço nenhum de mentiras -
e o olhar transparente e calmo;
talvez, tivesse sido, um dia,
uma mulher bonita...
Seu nome ? seu nome eu imaginei ser Maria
De mim ela também nada sabia,
nem sobre meus pés (vacilantes),
nem se eu já havia sofrido um dia,
mas de uma coisa eu tenho certeza:
ela notou um brilho de festa nos meus olhos
- afinal, eu estava em férias e indo para um banho de cachoeira! -
Com a voz graciosa,
aquela que só uma velhinha simpática sabe ter
e com a simplicidade das coisas de Deus,
ela perguntou-me, quase que afirmando :
“tá boa !?”