TARDES DE OUTUBRO

O mesmo coração que me remete à poesia
desconsola-me em esperas na fantasia
do mundo real,
da razão desigual,
arrastando-me pernas, dia após dia,
pela estrada que me confisca a alegria.

Nunca soube amar, ou amo torto.
Jamais me dei ao luxo do conforto
dos insensatos,
nem aos inexatos
rumos que apontam algum porto.
O que fica é sempre um sonho morto.

O anjo secreto dos tempos de menino,
parceiro fiel de qualquer desatino,
jaz sem vida,
asa partida.
No silêncio da tarde que me faz outubro,
gasto horas, mais esqueço que descubro.

 
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 01/03/2013
Reeditado em 30/09/2013
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