Silêncio da madrugada
no silêncio da madrugada
observo a chama queimar
inquieta
dialogo com as estrelas
o céu está tão quase inquieto
quanto minha quase incompreensível
chuva de pensamentos
temporal se forma em minha mente
grita meu pulsar no imóvel tempo
que circunda a nuvem sobre meu café
os carros, impiedosos, passam
a irromper o silêncio, sem respeitar os sinais
ao longe, ouço o rufar do vento
na copa de um adulterado ipê
que desconhece a dor
do desprezo de você
qualquer dia eu te conto
como nascem as manhãs
qualquer hora eu me encolho
e só você vai escutar
como cantam os pintainhos
que a manhã faz acordar...
aquela nuvem já se dissipou
mas ainda escuto aquele trovejar
apesar do silêncio que insiste em negar
e recusa os versos que emergem neste escuro
que só o céu e o meu azul sabem existir
tu fazes sol, mas os ninhos ainda dormem...
e só renascem com teu brilho em manhã
e quando tua luz chega, vou cantar com eles
e as estrelas de mim se despedem, com pesar...