A Parte do Todo
Tateio cegamente os espelhos d'água
A fim de encontrar-te, ao menos
Escondido na ligeira madrugada.
Mas não estás. Neste peito jaz o silêncio.
Ah... este silêncio!
Tão frio, tão justo, tão perene.
Tua ausência onipresente
Torna os meus olhos cativos.
Queria ser aquela pedra
Que lançaste sobre o rio.
De contente saltava bela,
Não por voar, mas por ter lhe pertencido.
Esta graça não sinto
Meus olhos pesam mais que meu corpo,
As lembranças mais que minha mente,
Meu amor mais que o todo,
Que a mim também não pertence.