A Gota Que Faltava
Do amor que eu julgava
Era tudo que restava:
As sobras de um nada,
Da roseira, só espinhos,
As marcas dos tropeços,
Ao cair pela estrada,
E as solas assoladas
Pelas pedras do caminho.
O golpe à punhalada
Na mentira revelada,
O nó que não desata,
Pela dor que não estanca
E ,mesmo sufocado
Com a forca no pescoço,
Todo esse angu de caroço
Pra passar pela garganta.
Do amor que eu julgava
Era tudo que restava.
Apenas desencantos,
Apenas o desgosto,
O orgulho machucado
Que a tristeza disfarçava,
Mas tão logo revelado
Pela gota que faltava,
Que descia pelo rosto.