Versos Soltos
Não há nada de concreto
Nesse seu concretismo
Bocas pensam palavras
Nada mais que valha a pena
A ilusão do verso move
O que movido não foi
O espetáculo da ilusão
Me apavora
O batom da sua boca
Intimida meus beijos
E há sujeira de urucum
Nos lençois
Gosto de seda e cambraia
Tudo que meu espirito
Devora vorazmente
Meu riso de consumo
Há ácaros
Nas suas unhas postiças
Herdei alergias
Epidemiológicas
Não deves mentir
A mentira é abominável
Na boca de quem não tem
Talento para enganar
Não fumes com a minha boca
Estes charutos imorais
Não me beijes nesta noite
Tenho salivas fatais
Se me aceitares
Em um soneto
Dançaremos valsa antiga
Do tempo dos nossos pais .