infâmia

vivemos noites de infâmia

vedamos nossas casas,

pregamos nossas janelas

e acumulamos nos cabides,

junto às camisas e palitós

as máscaras que usaremos

quando sairmos pra buscar

comida, água ou alguma

informação;

não sabemos nada do inimigo

seu nome, seu gosto, sua

cultura, não aquele que vai

nos atacar, é esse que já

está perto com seu bafo,

com sua maldição, com

seu aperto que nos pega

pela garganta, tirando nosso

ar e nos entope de gás e

lembranças;

retraidos buscamos

algo que nos entretem

longe da indiferença

da dor enlouquente

e também da dor surda,

incapaz sequer de expressar

de tão aguada de tão lama

de tão espessa e ventosa;

e logo sairemos pra comprar

mais cabide, pois o inimigo

muda todos os dias o tamanho

de noss medo....

Alex Ferraz Silva
Enviado por Alex Ferraz Silva em 01/03/2013
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