Memória em preto e branco

Memória em preto e branco

Por onde andam as margaridas da minha alma?

Por onde andam meus pardaizinhos dispersos, alegrinhos?

A relva fresca dos meus sonhos? O rio plácido?

A cerejeira florida, as uvas em cacho?

As minhas paisagens celestes, por onde andam?

A goiabeira dos tempos de menina

O branco dos cabelos de vovó, por onde andam?

O barco de papel navegado tantas vezes

O beijo nas mãos calejadas de papai

O sorriso largo e branco de mamãe?

Por onde andam?

Eu queria que fosse mil novecentos e setenta

E eu seria a inocência pura de outros dias

Da máquina de costura, fazendo roupas de boneca

Da montaria no pangaré cansado da família

Da jabuticabeira carregada, da areia branca no terreiro

Das minhas irmãs me mimando com todo zelo

Da chegada do meu irmão caçula

Da garotada brincando no larguinho

Do meu primeiro e doce amor

Por onde andam?

Por que calam-se, e me deixam sem tamanho colorido?

Cristhina Rangel.

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 01/03/2013
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