REPASTO
REPASTO
A besta se aconchegou no meu canto
Farejou cada canto; guardado meu
Espojou-se ao lado
Meus pés estendidos tocavam
Bolas de chumbo outras de algodão
Exercitando-me os sentidos, envolvendo-me
Sem que os olhos se afastassem do animal
Os pulmões, envenenados
Funcionavam barulhentos
Alergizados pelo odor da fera
Sacudindo o lombo
Levantando nuvens
A coisa vigiava
Sem rosnados
Cada obra de ofício
Do homem em seu canto
Ela não se movia mínimo
Pachorrenta no chão de vidro
Os olhos argutos nunca sono
As orelhas irrequietas, de guarda
Tempos escorreram
Na sala isabelina sem lugar:
Ela, de atalaia
Eu, sem descuidar
O monstro, uma tarde,
Alevantou o corpo
Coçou a barriga
Lambeu o sexo
Farejou meu canto
Investigou cada canto
Em dois saltos alcançou a janela
Eletrificou-se.
Resta-me covardia
Excesso de palavras