Dúvidas de ti

Boca cala.

Olhos e ouvidos captam.

Mente processa.

A filosofia é essa!

Mesmo dentro de ti explodindo em réplica,

Quando passa a se calar, a rir ou a bocejar

A indiferença destrona o outro,

Lhe deixa o tênue inquietar

Quanto mais têm dúvidas de ti,

Mais por ti creio que se interessem.

Se não familiarizam sua reação

Vão recear-se de ti, já que não o conhecem

Tens confundido suas interpretações

Tudo é texto, contexto e pretexto

Em um improviso já premeditado

Uma dança enigmática, presa a um eixo

Sociabilidade é um recado da natureza

Se organizar, dar fluxo a correnteza

Se não dramatizas como te expressas

Os outros mudarão o comportamento com pressa

Com o tempo, não saberão como se portar

No começo é bom, até se descobrir recebendo

A mesma incerteza da falta de gesto

Agora mútua inquietude, ambas se ofendendo

Mas convenhamos, bem melhor que fingir

Que omitir ou que mentir, melhor que forçar

Ou pagar de ator no picadeiro dos condenados

Melhor que inventar e satura-los com ditos

A céu aberto e mundo fechado

Não há discurso que não seja encerrado

Viva nossa insignificância, nosso legado

Homens de poucas palavras, e mistérios largos