Não vale um troco

como penso que te tenho,

verto-te em poema,

já que sua boca

me falta, e do

sonho daqueles dias,

veneno

verto-te em odisséia

em lago e areia, num

mito, desco ao inferno

só pra fazer de ti

companhia

o que eu tenho

são lembranças

restos de imaginação

que se deixo meu

ventre livre,

toma conta de tudo

e é como se de mim

estivesse viva...

verto-te todos

os dias um pouco

pois só em poesia

te posso pousar

meu corpo...

entretanto, tudo

é imaginação, porque

o real não vale sequer um troco