Sob o guante da indiferença
A noite é leve
Trovão enuncia
Então vem a chuva
Serve de acalanto
Para outrem
Que não tem um teto
Fica inquieto
Chora o seu pranto
E a tormenta
Lhe invade a alma
Desengano embala
Já não tem porvir
Seu existir
Já não tem sentido
Pois o seu gemido
Ninguém quer ouvir
E sem dono
Vara a madrugada
Acordado
Já não mais faz planos
Esperança
Que lhe traga alivio
Quiçá de' um abrigo
Ao amanhecer
Vem o Sol
Derretendo a neve
Devolvendo
Um pouco de esperança
Sob o guante
Da indiferença
Poucos pensam
Em amenizar
Que seu pranto
Não seja tão frequente
Tanta gente
Vivendo ao Deus dará
Que outra noite
Torturante qual
Permaneça-lhe
Somente na lembrança
Que Sob o manto
Do luar sereno
Prenuncie a próxima
Seja mais amena
Desempenha
Seu papel no abandono
Feito cão sem dono
Segue a vagar
Apasiguá
Tal pranto ninguém vem
Espera do Alto
Que lhe venham Bençãos
E sua crença
Reacende a chama
Que pra sua saga
Haja clemencia.