Padece aquele que crê, na fé nula da mula que carrega a paz
Ontem, enquanto navegava pela cidade amaldiçoada
lembrei que ainda vivem lá, seres que amo
e que todo caminho de pedregulho
vira asfalto um dia
melhorias, ok, há tempos não vejo
e quando vem são tão impacientes
beijam meu rosto e dão meia volta
num instante volta a angustia
eu nunca pensei que iria acontecer
e quando vi minha lagrima pingar no meu pé
acordei, vi que tudo pode acontecer
mesmo aquilo que menos deseja
o mais cruel da vida é estar aqui
enquanto você ri a noite
eu choro de manha
a tarde, finjo , estar bem
confiança é sentimento vendado
sem verdade, fica tudo estragado
o amor, o ódio , a esperança
de que vale crer, se a crença é nula
nula mula que não toma banho
que espera a água vir do céu
que bate os ombros sem mexer os ossos
que ri com dentes que não possui mais
lembro de brincadeiras inocentes com minha irmã
hoje ela tem ombros largos, carrega peso e tricota lã
cria meninas, cuida da casa, beija seu marido
dorme insana
se eu fizesse poemas, refletindo sobre o amor
diria eu quase insatisfeito que não sei mais o que dizer
eu vi desespero e nada fiz, dei aconchego e me encolhi
virei nas tardes em que multidões dormiam quietas, sem proceder e vomitei
ontem li o livro da morte, lá haviam frases constantes de fé
mas o dinheiro que habita o minuto
revela o quanto a gente vai padecer
eu quero agora, ir pra cordilheira do amparo da paz