todo ser vivente

oh, tristeza que me come o ventre

que destrói a vida e o pensamento

suma ! pra longe de mim, cachorra

louca, pois já não quero o seu alento

tristeza, que vem do oceano, das

profundezas dos deuses mortos,

que passou por tanto desengano

e sobrevive precisa como um relógio

que nas tardes tempera o dia

que nas manhãs é melancolia

que a razão de sua existênica

é a perda da infanta inocência

a tristeza me vira de repente,

dos cafundós onde seu rabo

lhe prende e me diz com uma

voz rouca: "eu sou parte de

todo o ser vivente"

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 26/02/2013
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