todo ser vivente
oh, tristeza que me come o ventre
que destrói a vida e o pensamento
suma ! pra longe de mim, cachorra
louca, pois já não quero o seu alento
tristeza, que vem do oceano, das
profundezas dos deuses mortos,
que passou por tanto desengano
e sobrevive precisa como um relógio
que nas tardes tempera o dia
que nas manhãs é melancolia
que a razão de sua existênica
é a perda da infanta inocência
a tristeza me vira de repente,
dos cafundós onde seu rabo
lhe prende e me diz com uma
voz rouca: "eu sou parte de
todo o ser vivente"