Últimos dias
Últimos momentos, os mais doentes
A vida te pondo em berço de larvas
Tudo é poético, ao mesmo tempo que patético
O que é simples, vira sagrado
Os seres de carne, morrendo ao meu lado
E felizes por também me ver morrer
Dos mais dementes, dos mais carentes
Tudo pertence ao que está mascarado
São dores bonitas, mesmo que em atos aflitos
O odor de jasmim fica bem em mim
Sob meu corpo frio, não mais expressivo
O dito do destino, agora vivo
Sei que é um crivo, querer ser livre
Enquanto o que o mundo espera de mim
Um ser convencional, de discurso normal
Preparado para respostas prontas
Se entendessem que sobrevivo...
Nada me interessa, ninguém me interessa
Só pra morrer eu tenho pressa
Na doença que degenera, eu tenho crença
Seja o que for, tudo isso que afirmam,
A vida me ensinou que morrer é preciso
Esquecer o que deixo por aqui, falecer com um sorriso