sangria desatada

Patricia Porto-Sobre Pétalas e Preces (www.pporto.blogspot.com.br)

Quem dera a muda rosa falasse,

a rosa à flor e pele em casca.

E se na rua ao ser a exibida

quebrasse o esquizo de egos rotos.

E ao desenferrujar a fama gasta

que diz ser melhor quem ganha

do bicho preso no delicado:

o ereto, o domador,

danasse a fúria.

Quem dera esses que se tomam semi-deuses

resgatassem suas intactas costelas,

libertando os nossos sentidos curvilíneos,

as nossas doses íntimas de anarquia

e a solidão feliz que tece a alma sem precisar murar-se.

Quem dera a rosa fosse tão livre

em vez de rosa desidratada. E o verso: solto.

Em versorragia.

Quem dera a muda rosa falasse

pra eu também me libertar desses espinhos

que estão por aqui e ali me espinhando a língua,

coçando a última espécime frágil que só renasce do tempo ao tempo

pedra ou palavra...

Patrícia Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 25/02/2013
Código do texto: T4159274
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