sangria desatada
Patricia Porto-Sobre Pétalas e Preces (www.pporto.blogspot.com.br)
Quem dera a muda rosa falasse,
a rosa à flor e pele em casca.
E se na rua ao ser a exibida
quebrasse o esquizo de egos rotos.
E ao desenferrujar a fama gasta
que diz ser melhor quem ganha
do bicho preso no delicado:
o ereto, o domador,
danasse a fúria.
Quem dera esses que se tomam semi-deuses
resgatassem suas intactas costelas,
libertando os nossos sentidos curvilíneos,
as nossas doses íntimas de anarquia
e a solidão feliz que tece a alma sem precisar murar-se.
Quem dera a rosa fosse tão livre
em vez de rosa desidratada. E o verso: solto.
Em versorragia.
Quem dera a muda rosa falasse
pra eu também me libertar desses espinhos
que estão por aqui e ali me espinhando a língua,
coçando a última espécime frágil que só renasce do tempo ao tempo
pedra ou palavra...
Patrícia Porto