atropelamento
eu dancei no mar
de asas encolhidas
fui abarcado pelo
amor e nas suas
raizes tristes e ingrata
senti sua fome e sua
dor....
eu vi, com meus
olhos de lajedo
o homem morto
e a crinça brincando
corri quando minhas
pernas eram firmes
e alegres e da loucura
de crescer me larguei
na beira de uma estrada
sonífera...
eu vi o verde chegando
às folhas de palmeira
o azul se aderindo ao céu
e meu coração se desgarrando
do medo...
ganhei asas, eu pude
por isso atravessar
outras dimensões, pular
a janela e atravessar o
rio que me afogava quando
sozinho...
pude então tomar veneno
me encobrir pela noite
e me deixar levar onde
quer que eternidade me
leve...
eu vi que os demonios
eram apenas seres
infelizes que precisava
de amor e de consideração
e que atrás de toda máscara
existe uma criança envergonhada
e triste com medo de não ser aprovada
agora estendido na praça
meu corpo descansa,
atropelado pelos acontecimentos
mas sem medo de nada