atropelamento

eu dancei no mar

de asas encolhidas

fui abarcado pelo

amor e nas suas

raizes tristes e ingrata

senti sua fome e sua

dor....

eu vi, com meus

olhos de lajedo

o homem morto

e a crinça brincando

corri quando minhas

pernas eram firmes

e alegres e da loucura

de crescer me larguei

na beira de uma estrada

sonífera...

eu vi o verde chegando

às folhas de palmeira

o azul se aderindo ao céu

e meu coração se desgarrando

do medo...

ganhei asas, eu pude

por isso atravessar

outras dimensões, pular

a janela e atravessar o

rio que me afogava quando

sozinho...

pude então tomar veneno

me encobrir pela noite

e me deixar levar onde

quer que eternidade me

leve...

eu vi que os demonios

eram apenas seres

infelizes que precisava

de amor e de consideração

e que atrás de toda máscara

existe uma criança envergonhada

e triste com medo de não ser aprovada

agora estendido na praça

meu corpo descansa,

atropelado pelos acontecimentos

mas sem medo de nada

Alex Ferraz Silva
Enviado por Alex Ferraz Silva em 25/02/2013
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