Pomar
Quando entro em meu pomar me deleito em doces frutos de saudades.
Gosto de manga escorrida pelos braços,
Da goiaba no quintal de casa,
Saudade da “meiota” de minha avó,
Do sorriso sempre verdadeiro de meu pai,
Dor de joelho ralado na estrada de terra,
Do bife roubado no prato de minha irmã,
Só me lembro de seu choro sarado por outro,
Este outro temperado com o carinho de minha mãe,
Gosto bom de casa cheia,
Repleta de comida e gente falando besteira,
Gosto da sabedoria de paz de meu avô,
Gosto de jujuba com o troco da “meiota”,
Gosto de Jamelão e galho quebrado,
Gosto bom da graxa nas mãos,
Da coca família e do pudim no domingo depois da missa.
Saudade tem gosto bom de amigo batendo à porta,
Chamando pra brincar.
Tem gosto de cara feia com laranja azeda,
De primo que veio de longe pra passar uns dias,
Ainda tem as frutas podres,
mas estas eu deixo para ratos e urubus.