Novos Lençóis
Era triste aquele lençol, desbotado, surrado
Nos tempos felizes, testemunhou nosso ardor
Ultimamente, testemunhou nosso enfado
E nosso desamor...
Já era tempo de trocá-lo:
Já não bastava, nem adiantava lavá-lo
Aticei fogo, consumiu-se em chamas
Juntamente com outros panos e trapos
Que não levaste consigo, para teu novo abrigo
Sentimentos, decepções, algodão, linhos e sedas
Tudo isso ardeu em chamas, gemeu nas labaredas
Teus gemidos de outrora, no fogo também pude ouvir
A crepitar e libertar-se do lençol e dos panos
Suspiros de amor, sussurros ardentes, gritos insanos
Foram-se pelos ares, a ecoar para as terras do nunca mais
E a cama vazia, agora aguarda o porvir
Novos sonhos, novos sussurros, quiçá até novos ais
Novos lençóis estão por vir...