Obituário de um carvalho

Nasci de uma semente jogada ao acaso,

depois de uma chuva de verão.

Cresci devagar,

parecia que seria pequeno,

mas me enganei,

me tornei pleno.

Sou um charmoso carvalho da floresta,

alto e orgulhoso

de meu ser frondoso.

E lá estava eu,

sob sol matutino, quando vi:

homens com serras nas mãos:

um som forte,

barulho da morte,

dizimaram minha sorte

com um corte

no meu porte

de lorde.

Não tenho mais o Sol vital,

nem a chuva sã,

nem o ar fresco da manhã,

nem a poesia do cantar dos pássaros.

De semente,

virei árvore,

de arvore

virei madeira,

de madeira

virei portão,

porta de prisão,

que tranca a felicidade

e a esperança de um carvalho

bonitão,

terminar sua vida,

sendo o que sempre gostou de ser:

uma árvore

com vontade de viver.

Regiana Amorim
Enviado por Regiana Amorim em 24/02/2013
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