Obituário de um carvalho
Nasci de uma semente jogada ao acaso,
depois de uma chuva de verão.
Cresci devagar,
parecia que seria pequeno,
mas me enganei,
me tornei pleno.
Sou um charmoso carvalho da floresta,
alto e orgulhoso
de meu ser frondoso.
E lá estava eu,
sob sol matutino, quando vi:
homens com serras nas mãos:
um som forte,
barulho da morte,
dizimaram minha sorte
com um corte
no meu porte
de lorde.
Não tenho mais o Sol vital,
nem a chuva sã,
nem o ar fresco da manhã,
nem a poesia do cantar dos pássaros.
De semente,
virei árvore,
de arvore
virei madeira,
de madeira
virei portão,
porta de prisão,
que tranca a felicidade
e a esperança de um carvalho
bonitão,
terminar sua vida,
sendo o que sempre gostou de ser:
uma árvore
com vontade de viver.