Noventa Linhas

Parte I

“Tercetos Arrependidos”

-Noventa lágrimas perdidas

Noventa paixões não vividas

Noventa tristezas preservadas.

-Noventas passos perdidos

Noventa horizontes despercebidos

Noventa borboletas assassinadas.

-Noventa tiros dados no vazio sem fim

Noventa tiros que dei sem pena de mim

Noventa motivos para revidar.

-Noventa crises de choro engolidas

Noventa noites amargas perdidas

Noventa coisas que comecei a amar.

-Noventa passos dados no abismo do eu

Noventa dos sorrisos que quem sorriu não fui eu

Noventa decepções que não tive.

-Noventa pedaços que não valeram apena

Noventa mentiras que a alma envenena

Noventa fúrias que contive.

-Noventa lágrimas que os olhos não derramaram

Noventa verdades que os ouvidos não escutaram

Noventa motivos para se arrepender.

-Eis que eu busco traduzir cada lento passo

Com linhas e poemas sem nenhum compasso.

Será que valerá viver por viver?

-São noventas rostos perdidos nas gargalhadas,

São noventa vozes que pelo medo são abafadas.

São noventa traços mal feitos em torno da lucidez.

-São noventa dias de luz e trevas profundas

São noventa mãos tão imundas

Que perco aos poucos minha sensatez...

-São noventa chances de beijar a quem amo

São noventa solstícios em que reclamo

São noventa vezes em que não fui eu.

-São Noventa pessoas desperdiçadas ao acaso

São noventa indignações com o meu sujo descaso

De quem nunca teve, mas sempre perdeu.

-São noventa rios que não querem ter correnteza

Noventa balsas em que subi para viver uma incerteza

Noventa abraços que não pude me dar...

-Noventa passos arrependidos de um ser frustrado

Noventa vezes maldito por ter se aprisionado

Noventa vezes agredindo-se para a culpa sanar...

Segunda Parte

“Tercetos descobertos”

-Noventa pessoas que acabei descobrindo

Noventa horizontes que estão se abrindo

Noventa passos que comecei a acertar...

- Noventa vezes em que sorri para a novidade

Noventa vezes em que falei em maioridade

Noventa vezes em que comecei a soluçar...

- Noventa pessoas que se espantam comigo

Noventa vezes bendito cada novo amigo

Noventa vezes amados aqueles que nunca abandonarei

- Noventa pontos novos de conhecimento

Noventa chances novas de discernimento

Noventa crenças que reinventei...

-Noventa pesadelos no meu quarto sozinho

Noventa amanheceres que fiz o mesmo caminho

Noventa destinatários que não se cumpriram

-Noventa palavras novas no meu vocabulário

Noventa descobertas sem precisar de dicionário

Noventa pessoas novas que já partiram...

Terceira Parte

“Tercetos Felizes”

- Noventa amores que me preenchem completamente

Noventa sombras que desapareceram inteiramente

Noventa colos novos para me alegrar...

- Noventa risadas que dei ao ar livre sem motivos

Noventa olhares dados nos momentos mais impulsivos

Noventa beijos que estou planejando dar...

-Noventa novos papos de esquina com estranhos completos

Noventa mentiras reveladas em momentos repletos

Noventa sons de aves que nunca ouvi...

- Noventa vezes sete e meia, ou sete e quarenta.

Noventa vezes noventa

Noventa vezes em que não mais me perdi...

-Noventa vezes em que voltei a ser um poeta

Noventa vezes de uma poesia discreta

Noventa vezes em que um preço repeti...

-Noventa horas perdidas ao telefone

Noventa vezes em que de novidades tive fome

Noventa vezes em que finalmente sorri.

Quarta Parte

“ Tercetos De Fidelidade”

-Noventa vezes benditos sejam meus motivos

Noventa vezes felizes sejam esses motivos

Que me trouxeram ao horizonte maranhense

- Noventa vezes amados os novos que conquistei

Noventa vezes guardados os que na Paraíba deixei

Noventa vezes sou “maranhaparaíbense”

- Noventa vezes intensos sejam meus desejos e sonhos

Noventa vezes acordem meus olhares tristonhos

Noventa vezes infindos meus mais sutis planos

- Noventa vezes feliz, noventa vezes arrependido

Noventa vezes prostrado, noventa vezes perdido.

Noventa linhas de versos loucos, estranhos...

Izaías Serafim
Enviado por Izaías Serafim em 24/02/2013
Código do texto: T4157897
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