[A Solução]

[ saudades do meu galo índio]

Ao cair daquela tarde que eu nunca hei de esquecer,

fui até o quintal e recolhi o que restava do meu galo índio:

todo picado pelas abelhas, tremia feito vara verde;

morreu nas minhas mãos antes da noite se fechar de vez.

No dia seguinte, fogo e fumaça, fumaça e fogo,

as abelhas foram expulsas do velho caixote,

e morreram aos montões, pelas beiradas do muro,

perto do chiqueiro do meu porquinho solitário,

debaixo do quarador, e até na cerca dos fundos.

Eu sou como os felinos no ataque;

perdão não existe no meu vocabulário,

quis todas elas mortas, aniquiladas!

Depois disso, já em paz, fiz o enterro

do meu bravo galo índio,

morto sem ao menos poder se defender:

contra o inimigo numeroso, venenoso,

de nada lhe valeram as esporas afiadas!

Entrevero... questão difícil? Ara...

Solução, solução mesmo,

solução dessecativa, purgativa,

só a fogo e a chumbo quente;

o resto, é peroração inútil...

Ah, que saudades do meu galo índio!

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[Desterro, 22 de fevereiro de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 24/02/2013
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