[A Solução]
[ saudades do meu galo índio]
Ao cair daquela tarde que eu nunca hei de esquecer,
fui até o quintal e recolhi o que restava do meu galo índio:
todo picado pelas abelhas, tremia feito vara verde;
morreu nas minhas mãos antes da noite se fechar de vez.
No dia seguinte, fogo e fumaça, fumaça e fogo,
as abelhas foram expulsas do velho caixote,
e morreram aos montões, pelas beiradas do muro,
perto do chiqueiro do meu porquinho solitário,
debaixo do quarador, e até na cerca dos fundos.
Eu sou como os felinos no ataque;
perdão não existe no meu vocabulário,
quis todas elas mortas, aniquiladas!
Depois disso, já em paz, fiz o enterro
do meu bravo galo índio,
morto sem ao menos poder se defender:
contra o inimigo numeroso, venenoso,
de nada lhe valeram as esporas afiadas!
Entrevero... questão difícil? Ara...
Solução, solução mesmo,
solução dessecativa, purgativa,
só a fogo e a chumbo quente;
o resto, é peroração inútil...
Ah, que saudades do meu galo índio!
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[Desterro, 22 de fevereiro de 2013]