Quando versar perdeu valor

Já fui o primeiro verso.

Já fui o segundo verso.

Já fui o incontável verso.

Já fui o verso deslocado.

Já fui o verso que se fez belo,

o verso que não se fez,

o inverso do que passou, o verso me que faltou.

Eu até já fui verso de amor.

Verso depois de muita bebida.

Verso sem nenhum pudor.

E, que triste, verso de despedida.

Só não me deixaste ser, meu bem,

tudo o que eu quis ser nesta vida:

Ser o único verso, primo e último,

um verso só de nós dois.

Fernando de Sá
Enviado por Fernando de Sá em 24/02/2013
Código do texto: T4156964
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