Chuva de gelo
Da janela do meu edifício de lona
Vi o céu se cobrir com um lençol negro
Não hesitei e com meus olhos famintos
Escolhi o horizonte e peguei carona.
Logo tão logo aquele lençol fraco
Começou a mandar pedras de gelo
Acertando em cheio o meu barraco
Imagine! Fiquei naquele estado.
Ainda era dia horas de agonia..
Pedras e pedras caiam
Meu barraco não resistia.
O ralo da cozinha se afogava tanto
Em turbilhão de gelo derretendo.
Peguei minha enxada de borracha
E comecei a cortar em fatias,
Rápido antes que acabasse o dia.
E tal desaguar pudesse tornar uma avalanche.
Ali tentei me defender como pude,
Sob minha trincheira quase fui alvejado,
Por essas pedras gigantes de outro estado sólido.
Vieram daquele lençol negro que vi formar,
Descia sem dó e batia em meu teto
Parecendo um monjolo.
Furou minha cobertura e ainda atingiu o solo,
Mas em cada buraco que ficou na lona,
Colocarei remendo, assim entendo.
Vou escrever numa faixa em forma de apelo
Ao lado direito vou colar um selo
Se acaso formar outro lençol negro
Mande me avisar preciso me precaver
Dessas chuvas de gelo.
Francisco Assis Silva é Bombeiro Militar
Email: assislike@hotmail.com