Cortina
Todas as vezes que o vento bater
Bem de leve na cortina da sala,
Naquele instante em que o tempo cala
Você percebe o que é perder.
Certo desconforto traz à tona
Uma solidão insípida e amarga
E em cada suspiro o medo traga
Os restos do que te emociona.
Cada inocente recordação some.
O que era um menino vê-se
E percebe-se sem interesse,
Mas tem que ser, enfim, homem.
Toda emoção se torna empecilho.
O puro e casto agir ganha certo tom
De arrogância. Isso não é bom,
Mas o trem segue seu trilho.
Enfim ele se deita na corte suja
Da suprema e rica hipocrisia
E tudo o que advém da alegria
Torna-se sinônimo de lambuja.