Cortina

Todas as vezes que o vento bater

Bem de leve na cortina da sala,

Naquele instante em que o tempo cala

Você percebe o que é perder.

Certo desconforto traz à tona

Uma solidão insípida e amarga

E em cada suspiro o medo traga

Os restos do que te emociona.

Cada inocente recordação some.

O que era um menino vê-se

E percebe-se sem interesse,

Mas tem que ser, enfim, homem.

Toda emoção se torna empecilho.

O puro e casto agir ganha certo tom

De arrogância. Isso não é bom,

Mas o trem segue seu trilho.

Enfim ele se deita na corte suja

Da suprema e rica hipocrisia

E tudo o que advém da alegria

Torna-se sinônimo de lambuja.

Izaías Serafim
Enviado por Izaías Serafim em 22/02/2013
Código do texto: T4154706
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