Silêncios.
Alguns silêncios relampejam, engorduram, emolduram,
fazem o cio estrebuchar, fazem a pele ceder,
gargalham até não poder mais,
até não poder mais.
Alguns silêncios destravam, arrendam, depedram,
deixam a fé perneta, deixam os encardidos meninos,
todos meninos.
Alguns silêncios depravam, desparafusam a alma,
fazem o sol se aposentar, escorrem toda dor,
toda dor.
Alguns silêncios viram mártires, viram donzelas,
vagam pelo nosso espaço sem nunca cansar,
sem nunca amamentar.
Alguns silêncios são Quixotes, outros têm sangue de mármore,
são cangaceiros nas nossas ancas mundanas,
são estorvos fugazes das nossas paixões,
todas elas.
Alguns silêncios são suicidas, outrora ditavam leis,
fazem pouco caso dos enganos de Deus,
fazem o tempo se segurar pra não morrer de rir.
Alguns silêncios fazem filhos, ficam caducos,
depois vão à ribalta pra beber até parir novos poros,
novas ladainhas, novos haréns.
Então, enxarcados na sua própria solidão,
voltam pra casa com dever todo cumprido,
todo cumprido, por certo.
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