___ADEUS, AMOR___

Lacrimosas ninfas

Puxam o cortejo

Trôpega vem a doçura

e sua amargura funda...

Plantas vergadas

enegrecem as folhas

Murchas flores caem

Soluça a Natureza...

E o cortejo passa...

Mudo segue Orfeu

com sua lira sem cordas

Pungente réquiem ecoa

de Pan com sua flauta...

Verônicas piedosas

exibem no pano um coração

No Gólgota dos sentires

Rastro de sangue e lágrimas...

E o cortejo passa...

As eternas juras

o tempo deletou

Banco vazio na praça

Telas frenéticas nas salas...

Ternas carícias

São toques nas teclas

Virtuais perfis em oferta

para fugaz consumo...

E o cortejo passa...

Antigos amantes

vão atrás silentes

E o público virtual

Observa com frialdade...

Ficar ou não ficar,

sim, eis a questão.

A frivolidade reina

camuflada nos perfis...

E o cortejo passa...

Vem agora uma cruz

Na táboa pregada

Lê-se NET, não INRI

Oh! Lúgubre séquito...

Pingam versos do esquife

roxos, desconectados

a caminho da lixeira.

É o funeral do Amor...

Passou... Nada foi salvo...

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gajocosta
Enviado por gajocosta em 21/02/2013
Reeditado em 15/05/2013
Código do texto: T4152068
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