___ADEUS, AMOR___
Lacrimosas ninfas
Puxam o cortejo
Trôpega vem a doçura
e sua amargura funda...
Plantas vergadas
enegrecem as folhas
Murchas flores caem
Soluça a Natureza...
E o cortejo passa...
Mudo segue Orfeu
com sua lira sem cordas
Pungente réquiem ecoa
de Pan com sua flauta...
Verônicas piedosas
exibem no pano um coração
No Gólgota dos sentires
Rastro de sangue e lágrimas...
E o cortejo passa...
As eternas juras
o tempo deletou
Banco vazio na praça
Telas frenéticas nas salas...
Ternas carícias
São toques nas teclas
Virtuais perfis em oferta
para fugaz consumo...
E o cortejo passa...
Antigos amantes
vão atrás silentes
E o público virtual
Observa com frialdade...
Ficar ou não ficar,
sim, eis a questão.
A frivolidade reina
camuflada nos perfis...
E o cortejo passa...
Vem agora uma cruz
Na táboa pregada
Lê-se NET, não INRI
Oh! Lúgubre séquito...
Pingam versos do esquife
roxos, desconectados
a caminho da lixeira.
É o funeral do Amor...
Passou... Nada foi salvo...
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