[Aquela luz vermelha]

O meu mundo escancara-se

como um daqueles antigos bordéis,

porta aberta 24 horas por dia...

Nas manhãs, a sonolência,

o cansaço da noite infinita,

a insana busca da eternidade

no gume cortante do desejo...

Ah, e na boca amanhecida,

a remanescência daquele gosto do sexo,

mesclado ao travo amargo de alguma bebida...

Volta, pois, à noite...

E não te espantes com a luz vermelha da entrada,

não é um aviso de perigo; é um convite insistente...

Aquela luz que nunca se apaga te chama assim:

"entra, entra... aqui reina o desejo do teu desejo...

coragem, não tenhas medo de ti mesma; entra!"

Em tempo:

se adentrares o meu mundo,

talvez vejas o que não queres,

ou nunca quiseste ver — os deslimites,

as chamas das tuas carnes infrenes!

Ainda assim, entra... ao depois,

na certa [eu nada prometo...],

haverá alguma cura!

Entra... Aqui a finitude não é lástima,

é apenas angústia de mais e mais....

mas é uma suave e pervasiva angústia,

todo o corpo dela participa.

Entra... entra... coragem, entra...

A vida já vai se acabar...

____________________________

[Desterro, 21 de fevereiro de 2013 - às 01h55]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 21/02/2013
Reeditado em 21/02/2013
Código do texto: T4151784
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.