Poesia - 1

O canto mudo das flores

Que sofre só, a dor do mundo

Neste estranho show de horrores

Rogando que se esvaia n'um segundo

Quando livre o pássaro voa

Viaja além do limiar do horizonte

Teu belo canto então ressoa

Em liberdade no vale e monte

Triste é asas ter

Privado o céu a se voar

Teu canto agora, quem há de ver

Que há da arte sem doar

Pássaro meu, minha bela flor

Que pode eu fazer por ti

Tu privada de meu amor

Amor eu nunca vivi

Se no céu inda houvesse azul

Ou se sujo não foste o mar

Cruzaria o mundo, norte e sul

À deitar contigo sob o luar

Banhar de luz a prima estrela

Que traz o dia, a iluminar

Pássaro meu, minha flor mais bela

Mo dera os Deoses poder te amar

Caia do céu finda gota

Que há dos anjos, inda a chorar

Cada benção de ti é solta

Que haja um Deus a saciar

Não te entristeça, crias de pena

Tu só é benção, pra que chorar

De-me tinta e de escrita pena

e mostrarei o que há a penar

Crias de pena, seque vossas

Use tua lira, ponha-se a tocar

Meus versos são umas poucas lástimas

Mas tu sim é quem sabe amar

Aleph Maia
Enviado por Aleph Maia em 21/02/2013
Código do texto: T4151416
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