O coveiro
O coveiro olhava torpe
Os olhos perdidos no amanhã
Nem percebia a dor a sua volta
Apenas admirava a cova funda
Uma das mais bonitas
As paredes um retângulo perfeito
Iriam guardar saudades
De um tempo que não volta mais
Esperava complacente
A multidão se afastar com seu pesar
E ele, então, poderia ir para casa
Beijar a mulher
Brincar com os filhos
Levar o cachorro pra passear
E voltar amanhã
Se Deus quiser
E contemplar a vida
Mais uma vez.