Para sempre menino
Ah! A eternidade do vento.
[O seu movimento....]
O varal de farpas
Cravando bandeiras
Que cheiravam a sabão.
Era um jardim,
Onze-horas num canto,
Um canto de pássaro,
Rosas desfolhando.
Um verão pleno!
Era um jardim,
Joaninhas voando,
Formigas lavrando,
Borboletas pousando.
Um verão pleno!
Era um verão,
As roupas quarando
Sobre densos capins,
O chuá das torneiras
E o barulho dos baldes.
Era um menino
Lépido [vento] franzino
Tinha um cão, tinha a lua,
Tinha medo – crescer!
O mar e o vento
Trituram vagarosamente...
Mas na vida, o tempo tem pressa
É moenda sedenta
De mó afiado que nunca cega!
A pedra, a pipa, o pião, a praia.
A canoa, o campo, a cana, a catráia.
A bola, o bilboquê, a bica, o baleiro.
As ramagens, as rolimãs, o ribeiro.
O trem, a tempestade, a topada, a taboa.
As gudes, a goma, a gangorra, a garoa........
.............................................................
Mas sonhava!
E o sonho como quilha de luz,
Cortava o mar do tempo.
E o futuro é semente,
Semente presente!
Era um jardim, um verão.
Era um menino vivendo poesias,
É um homem para sempre menino!
JAL- fev. 2013