Para sempre menino

Ah! A eternidade do vento.

[O seu movimento....]

O varal de farpas

Cravando bandeiras

Que cheiravam a sabão.

Era um jardim,

Onze-horas num canto,

Um canto de pássaro,

Rosas desfolhando.

Um verão pleno!

Era um jardim,

Joaninhas voando,

Formigas lavrando,

Borboletas pousando.

Um verão pleno!

Era um verão,

As roupas quarando

Sobre densos capins,

O chuá das torneiras

E o barulho dos baldes.

Era um menino

Lépido [vento] franzino

Tinha um cão, tinha a lua,

Tinha medo – crescer!

O mar e o vento

Trituram vagarosamente...

Mas na vida, o tempo tem pressa

É moenda sedenta

De mó afiado que nunca cega!

A pedra, a pipa, o pião, a praia.

A canoa, o campo, a cana, a catráia.

A bola, o bilboquê, a bica, o baleiro.

As ramagens, as rolimãs, o ribeiro.

O trem, a tempestade, a topada, a taboa.

As gudes, a goma, a gangorra, a garoa........

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Mas sonhava!

E o sonho como quilha de luz,

Cortava o mar do tempo.

E o futuro é semente,

Semente presente!

Era um jardim, um verão.

Era um menino vivendo poesias,

É um homem para sempre menino!

JAL- fev. 2013

José Alberto Lopes
Enviado por José Alberto Lopes em 19/02/2013
Reeditado em 18/03/2023
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