ELE
Ele, chamado de pivete
Vive ao relento
Sempre nas ruas, é onde tira seu sustento
No sinal faz malabare,pula e deita no chão
É assim que dia a dia ganha seu pão
A noite cai, em passos lentos vem chegando meu rebento
Carinha cansada que o sol castigou
Mas sorriso nos lábios porque moedas ganhou
Me chama feliz, dizendo que chegou
Mostra a latinha para eu ver que trabalhou
Deita em meu colo com o dedinho na boca
Vira pro lado, adormece o danado
O dia mal amanhece lá vai ele trabalhar
Desce a rua correndo, esperando o sinal fechar
A moça o vê, e segura a bolsa com mais afinco
A senhora passa e o olha de soslaio
Minha pobre criança, não faz mal a ninguém
Mas a sociedade o reprime e faz dele um refém
Pobre criança, a rua é seu lar
Mas tem esperança de um dia estudar
Disse que será Doutor
Peço a Deus para d’ele cuidar
Pois a morte em meu leito não tarda a chegar