ODE A UM DERROTADO
Oh, Derrotado, porque insistes em viver?
Tu mesmo dizes que não há melodia em teu ser!
Não tens vitórias, não possui alegria,
não consegues concórdia
contigo mesmo.
Oh, Derrotado, não tens futuro, não tens caminho,
não tens rumo?
Busca paz, não encontras;
busca consolo, não achas!
Por que insistes em viver?
Não há diferença entre a morte e o viver?
Tu mesmo o dizes.
Dizes aos teus companheiros,
à solidão que te cerca,
ao desgosto total pela vida,
dizes aos teus botões.
Só não dissestes a mim. E a ninguém.
Oh, Derrotado, por que invocas a morte?
Não vês que a derrota vem de ti mesmo?
Como a vitória pode sair daí, também?
Por que não invocas a alegria?
A vitória!
Oh, Derrotado, vais morrer assim?
Sem paz, sem alegria, sem futuro?
Busque tudo isso,
ao invés de se martirizar!
Oh, Derrotado, busque a vitória!
O simples fato de querer alcançá-la
já não te faz um derrotado.
O, Derrotado! Insistas em viver!
Maio/1986