Despedida
Os pés cansaram dessas estradas.
Os olhos cansaram desses céus.
Os meninos deixaram de brincar,
Enfim, da maturidade são réus.
Os ipês que me guardavam na infância
Murcharam com minhas fantasias.
Os gravetos que eram amigos meus
São levados pelas enormes ventanias.
Balançar-me na rede da área de minha casa
É algo que não posso mais fazer
Por que um homem não pode chorar,
Enfim, menino tem que crescer.
Hoje que as oiticicas não me querem mais,
Que não brinco mais de bola no quintal,
Que não sou mais um moleque sabido
Tenho que deixar o meu lindo local.
Tão seco, tão vazio, tão mal, tão meu.
O menino que brincava com estilingue
Correndo dentro dos matagais
Que de um em um se extinguem.
A despedida dó demais, mas é preciso.
Rosas sempre murcham no jardim.
Canteiros sempre morrem de sede.
E toda infância chega ao fim...