O MENINO PASSARINHO... 86
Pela cidade se esgueira invisível, sem ninguém,
Pessoas passam, o olham, mas, não o veem,
Franzino, menino, homem, alguém,
Pensa se está na vida, ou se já, no além...
Enquanto o dia passa, esconde-se na fumaça,
Indefeso, a mercê da maldade que o abraça,
Procura uma moeda, jogada ao chão,
Que na certa, não será para comprar o pão...
Já quase inconsciente, inerte, nada mais sente,
E a vida agora bonita, redemoinho de cores, mente,
O leva ao sonho, às vezes medonho, doente,
Enquanto definha, criança perdida, ausente...
Num canto escuro, por instinto se abriga,
Enrosca-se e nos próprios braços se acalenta,
Talvez sonhe que é a mãe que o coloca no ninho,
E no frio da noite, sozinho... Voou... O pequeno passarinho...