Cotidianos

Carros, poeira, buzinas

Pedestres apressados

Acuados nas esquinas

E o amor que não veio

E o poema sem rima

Ônibus, caminhões, lentidão

Vendedores ambulantes

Pensando nas amantes

E o amor que não muda

E o poema pede ajuda...

E quem roubou a rima

Do poema que queria ser alegre?

A musa, que distraída partiu sem avisar

Ou o poeta confuso querendo chorar?

E afinal, qual a estrofe que melhor arrefece?

A primeira, sonolenta

Procurando as palavras

A segunda, convicta e sem emoção

Ou quem sabe a terceira

Sem graça, sem eira nem beira

Querendo empurrar para a quarta

O final da composição

No fundo tudo isso pouco importa

Se a palavra ainda não está morta

E o poeta ainda sonha com o coração.

José Benício
Enviado por José Benício em 18/02/2013
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