A mestria do anonimato
Infinitamente escuso
eu vivo como numa concha.
Só quem tem a manha de abri-la
pode me ver.
Só meus amigos de verdade.
Só aqueles do peito.
Afinal, quem saberá de mim
depois que eu morrer?
Então que não saibam desde já.
Não tenho a intenção de me mostrar.
De ser alguém,
de aparecer.
Todos que são very important person
são também ocos por dentro,
superficiais como um programa de TV.
A sociedade os entendeu de pronto
e os colocou como animais presos
num zoológico.
Eu prefiro ficar longe dos holofotes.
Eu comigo mesmo.
Eu e o meu eterno esconderijo.
Prefiro a ourivesaria dos sem-nome,
prefiro a mística do desconhecido,
prefiro a canção da mestria do anonimato...