Dentro!

Das luzes escarlates que miram pelo céu,

Deste que cobre todo o vasto mar mundo afora,

Do olhar que se apequena ante sua imensidão,

Corta feito lágrima que esbarra na face

Tão sulcada pelas iras do tempo que retrata,

Mira a mão distante, que do sabor do vento,

Mal paira sobre o parapeito do castelo,

Quase uma rota alterada, ulterior ao próximo momento,

A chávena zomba escondida em cada balanço,

A voz suspeita da próxima palavra sai de cena,

Todas as esperas claudicam ao sabor das ondas,

Sobra mais uma página para descrever tal Porto,

Ilhas passageiras que apenas tomam o pouco que resta,

Miram o odre seco com a poeira de Tortuga,

Das promessas mal cumpridas, afetos & afagos que distam,

Toda areia que a praia assim consome, apenas sobras,

Da ilusão sentada como se nada fosse abismo,

Salta a calmaria sobre a nau escura na próxima estrela,

Vagueia com as brumas que assim também zombam,

Do riso dos fantasmas que voltam atrás das cortinas,

Das tavernas do passado nada mais se enumera,

Outra gárgula sorri ante naquela torre a espera deles,

Assim como os tártaros que nunca chegam,

Zune a pedra que sobre o céu se abate, estilhaços,

A fumaça fulgidia procurando frestas, talvez o chão,

Vai a noite em seu quase silêncio no fim da madrugada,

Todos os feitiços jogados pelas cartas naquele átrio,

Fúrias se remoem pelas mãos grossas do destino,

Mal cabe um riso ao canto da boca, que os desatinos

Se remoam nas fornalhas do Urais, apenas sobras...

Para amanhã, uma nova taça de vinho...

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 17/02/2013
Código do texto: T4145820
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