Cricrizagem
Eu amo a noite
Mas têm dias que ela me incomoda
E me aprisiona
E me aflige
E me tira o tal do sossego
Então espero o dia
Mas as estrelas continuam a piscar
E a lua insiste em não sair do meio
E o sol não dá as caras
E quando vejo no horizonte o surgir do dia
Pode parecer mentira
Mas me dá uma certa nostalgia
E eu me recordo dos grilhos dá madrugada
Que está hora foram também sufocados pela cricrizagem dos pássaros
E vem a hora e bate em meu peito
E me obriga a por-me de pé
E a luta contra o espelho
E o bom dia que é inevitável, tem que dar
E me vejo entre cricrizagem de humanos
E olhares meio tortos
E pessoas totalmente sombrias
E gente parcialmente gentis
Entao me lembro de como é linda a sinceridade da noite
Que tê deixa em paz e não martela condolências na cabeça
E não tê diz obrigado obrigada
E me da uma vontade de correr à cama
Porque lá não têm essa disgrama de ficar fazendo pose
E gente ficar dizendo que te ama
Nesta hora me sobe um calafrio
Olho pra hora e me arrepio
São duas e vinte da tarde
Dia vinte e cinco de Abril