Cricrizagem

Eu amo a noite

Mas têm dias que ela me incomoda

E me aprisiona

E me aflige

E me tira o tal do sossego

Então espero o dia

Mas as estrelas continuam a piscar

E a lua insiste em não sair do meio

E o sol não dá as caras

E quando vejo no horizonte o surgir do dia

Pode parecer mentira

Mas me dá uma certa nostalgia

E eu me recordo dos grilhos dá madrugada

Que está hora foram também sufocados pela cricrizagem dos pássaros

E vem a hora e bate em meu peito

E me obriga a por-me de pé

E a luta contra o espelho

E o bom dia que é inevitável, tem que dar

E me vejo entre cricrizagem de humanos

E olhares meio tortos

E pessoas totalmente sombrias

E gente parcialmente gentis

Entao me lembro de como é linda a sinceridade da noite

Que tê deixa em paz e não martela condolências na cabeça

E não tê diz obrigado obrigada

E me da uma vontade de correr à cama

Porque lá não têm essa disgrama de ficar fazendo pose

E gente ficar dizendo que te ama

Nesta hora me sobe um calafrio

Olho pra hora e me arrepio

São duas e vinte da tarde

Dia vinte e cinco de Abril

Lucas Madí
Enviado por Lucas Madí em 17/02/2013
Reeditado em 09/03/2013
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